sábado, 29 de março de 2008

SEGUNDA CARTA


Hoje, acordei mais cedo, sem saber como começar a contar, aquele tempo abstracto,
Misturado com o momento presente.

Hoje, havia Estrelas no Infinito como pontos de interrogação, aguardando os meus propósitos.

Hoje, um Poeta disse que “escrever é uma necessidade e também, um caminho solitário”.

Hoje, lembrei-me da palavra “Gratidão” e recordo o meu pouco merecimento, no uso dessa palavra.

Hoje, deixei de me sentir triste, pela indiferença, à minha volta.

Hoje, não encontrei o eco da minha voz – apenas, trovões ao longe – rasgam os pensamentos, desfazem a voz e transformam-na num som inerte e desbotado.

Hoje, idealizei o Amor a envolver o mundo – e gostei!

Hoje, dei vida aos sentimentos bons e fiz Deles – AMIGOS!
Conversei de tarde, à luz do dia e juntei-me com alegria à noite e não apetecia acabar, o que dizíamos …

Hoje, olhei o ecrã de um Computador minúsculo e dei vida aos barulhos, distantes da Cidade e reconheci, nesse pequeno espaço, a tela semelhante a mim própria.

Hoje, deixei de estar cansada e desiludida e acreditei na Saudade e nesta carta.

Hoje, esperei a hora mágica e bela do Poente, nesta cidade e te dei o meu Amor!...

Prometi esta carta, da qual não me esqueci, mas nada contei de importante e digno de ti. Fui divagando, como tu sabes … E tantas vezes, ficas igual a mim, como se fossemos gémeos – e não somos!

Vencemos, os dois, os obstáculos dos Silêncios e estamos juntos!
Não te vou mandar esta carta – é minha – e nada diz que te encante!

Um beijo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

PRIMEIRA CARTA




Sinto a noite a aproximar-se e o cheiro das flores do campo fazem-me pensar em ti e naquela casa onde vivemos e da qual não me esqueci.
Pouco dei do meu tempo – tudo foi perdido na forma como vivi, nas teorias que contei a mim própria e nas quais acreditei.
E tornei-me indiferente ao lado de Gente que tratou de mim.

Lembro a tua forma de amar – só tua – como um Dom natural.
Contigo aprendi, de forma imperfeita – eu sei – esta maneira de dizer – só minha –.
És aquela a quem confiei os meus pensamentos e escondi os meus segredos.

Dividis-te comigo um pão que se parte e alimenta uma multidão faminta.
Deste-me a tua Sabedoria e eu não me tornei sábia e não retribui o amor…e não me apercebi, na hora certa…
Fiquei com esta carta por escrever…sem saber…
Não sei se a principiei, alguma vez!

Mas hoje, lembrei-me de ti – e não sei lembrar o passado – esquecido por mim…
Acumulo as culpas e continuo a viver! As culpas não são tuas – mas apenas minhas.
Deixei de ouvir! Sabias deste pormenor? Tão minúsculo – mas difícil?
A audição foi-se … sem pedir a minha permissão.

Lembro o teu olhar e a tua voz! Tanto amei a tua voz, o teu carinho, a tua calma no dizer e no estar.
A minha alma desdobra-se em pétalas de flores…pisadas por caminhos desencantados e solitários – separada de mim!

Lembro a doçura dessas mãos que repousaram em mim – no bater do meu coração, mas não têm as marcas dos meus beijos.
Era muito nova para entender e não me apercebi que um dia…ficava sem ti…

E hoje pergunto … Como foi possível viver sem ti?
Sobreviver às desilusões e continuar o caminho, sem a tua presença. Mas tem sido uma forma de continuar no mundo – nada pude alterar!


Perdoa-me…Avó! Perdoa-me! …

quarta-feira, 26 de março de 2008

PREÂMBULO


Nove Cartas e um Diário são dirigidas ao todo que nos rodeia e de certa forma ficcionadas e falam de personagens ilusórios, ou não, fruto da imaginação dignos de um interesse que mostra a personalidade da autora. Aprende a lição de que tudo pode desaparecer no instante seguinte.
Tempo de inimigos sem rosto e da dificuldade de os combater, talvez seja a época em que a crueldade, tem sido mostrada em todo o seu terror.
Procura ser leve na escrita, mas por vezes os acontecimentos sobrepõem-se a esse intento.
Ficam ao livre arbítrio de quem os ler e analisar.

Possa esta razão ser clara num contexto de verdades e mitos.

Maria Luísa