segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Meia-Noite


Internet/ Salvador Dalí
 



É Meia-Noite
Hora de feitiços
E compromissos mentidos.

Eu sou a sombra
Da poesia morta!

O Novo Ano entra,
Vestido de Cerimónia
Fato preto, camisa branca, laço.

O Cristo se escondeu,
Não pode entrar no apogeu
De quem manda!

Lantejoulas reluzentes
  Luzes Ofuscantes                                                        
Músicas e cantos.

Meus olhos fixam seus olhos
E não me dizem nada!

A noite é quente
Nos salões repletos de gente,
Deusa da quimera.

Tudo fervilha,
Numa denúncia ao mundo!

Eu sou o ser enigmático
Na sombra obscura
Acompanhado da loucura!

Creio que este Novo Ano
É fantasia,
Igual aos outros Anos.

E a cerimónia de que se veste
É simbologia!

O mar reflecte a Luz
De multidões gritantes
Ao Infinito tão distante.

As nuvens correm, passam,
Se transformam em pedaços leves
Sem intento.

Eu estou presente,
Ausente,
Distante,

Mas longe, muito longe,
Do lugar dos indiferentes...

E traço a minha dança!

Maria Luísa  (Brasil)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NATAL

..

Um cãozinho pedia uma esmola
Não para ele,
Para aquele que nele mandava!

A concertina tocava...

Como contar que se passava
Naquele viver,
Triste e miseráve!

A concertina tocava...

Deslocada nesta cidade
Não pertencia à cidade,
Pertencia àquele que tocava
E ao cãozinho que pedia
De olhos tristes
A quem passava!

Olhei
Parei
Analisei
Senti
Chorei...

E ele continuava a tocar
Não sei que toada
E o cãozinho cumpria
Um destino
Que não lhe pertencia!

Eu parti amargurada
Sem saber que fazer
E não fiz nada!

A concertina tocava...

Não sei que melodia
E eu derramei lágrimas
Escondidas
Contidas
No meu ser!

E se o mundo sorrisse
E nos desse a mão
E nos conduzisse?

Que bom seria...

Era Natal,
Nada mais havia
E ele e o cãozinho
Nada sabiam.

E tudo passava
E poucos ouviam o som,
Dessa concertina
Que pedia!...

Era Natal,
O Amor seria o principal
Naquele dia!..

Meus olhos ficam
Meu coração suplica...

A concertina gemia
E acompanhava
Os que pediam. 

Cada palavra uma lágrima,
Não posso acusar
Não espero perdoar!

Maria Luísa  (Brasil)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

SORRIR

Internet - Salvador Dali
Sorrio quando canto
Sorrio quando espero
Sorrio quando amo.

Tudo me faz sorrir
Levantar meu canto
Procurar meu sentir.

Sonho contigo, sorrio
Abro meus olhos, sorrio
Meus olhos sorriem, sempre.

Abro as janelas
Olho as estrelas
Estou perto delas.

Leva-me contigo
Leva-me sem medo,
Dá-me o teu sorriso.

Prendo a cauda brilhante
De uma delas
E voo com ela.

Chego à nossa casa
Atravesso o Oceano,
Tão longe a nossa casa...

Te beijo, te amo,
Te sinto um sonho inteiro
Nos meu corpo vivo.

Fixo o meu olhar, no teu olhar
E sem falar, sorrio...
Quem somos no Tempo?

Deixa dizer que te amo muito
E não vou deixar de te amar
E é tudo imenso...

Um dia lês o que escrevo
Ou não te atreves a ler,
Sentes o silêncio e ignoras tudo.

Mas eu sou o poeta que canta
A quem ninguém escuta
Sombra vaga na poesia...

Sorrio,
Só os meus passos se ouvem
O resto, é melancolia!...

Maria Luísa (Brasil)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A TURBA

Eu estava contigo,
Caminhávamos por entre a turba
Nada nos prendia nesse caminhar.

De mãos dadas,
Absortos na caminhada
Respirávamos o ar.

A Turba conturbava,
Fazia perder o ritmo
Da Caminhada.

Mas nada importava,
Nem a turba
De vozes alteradas.

Nem o patético momento
Tão presente
Que ressuscitava
E o Profeta iluminava.

Olhando as estrelas
Nossas bussolas,
Caminhávamos.

Nada contava,
Nem os que fugiam
Não nos pertenciam!

Procurávamos a paz,
Uma e outra vez encontrada
Uma e outra vez procurada.

Perdidos na turba
Na sombra vaga
Nós caminhávamos.

Procurando não perder
A estrela que nos guiava!

Tudo se diluía ao passar,
Não olhávamos
E aceitávamos.

A turba já cantava,
Não nos interessava
Nada mais contava.

A alma do sonho chegava,
As portas de ouro se abriam
E nós entrávamos.

Quietos e pálidos,
Assombrados
Mistificados
Perdidos
Sem Terra
Sem Estrelas
Olhos fechados
Sem abrigo...

Símbolos e enigmas,
Nós estavamos presentes
A turba faltava.

As sombras corriam
As nuvens resplandeciam
Ao nosso olhar.

Nós pediamos
Deixem-nos passar,
Temos o Amor a aguardar...

Tão longe...
E o tempo é pouco
Para te Amar!


Maria Luísa  ( Brasil)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Jogo de Palavras e Figuras


Internet/ Salvador Dalí
Embalei as Palavras 
Na minha mão
E joguei,
Um último jogo
Feito de tudo quanto sei
E tudo quanto sou!

Alinhei as Palavras na mesa,
Vestida de Cerimónia
E Elas correram céleres
Para a Grande Vitória.

Fiz o jogo que sei jogar!

Juntei às palavras
As figuras do meu jogo
E elas responderam com ansiedade,
Ao meu desejo,
Juntaram-se...dominaram!

Deixei esta ânsia de dizer,
Neste sentir de Outono a fenecer.

Tudo vai ser esquecido,
Como se da Noite
Se apagassem as últimas Luzes,
Feitas das lantejoulas
Do Firmamento a escutar!

Jogo, sem ter o desencanto
De quem perde...
É uma benesse a recordar,
É uma mistura de palavras e figuras
E acompanha o Espaço Sideral,
Num conjunto de doação Total!

Jogo com as palavras e as figuras
Num jogo Ancestral...

Por Ti e por Mim
Meu Amor,
Este Jogo Fatal
Irreal,

De quem procura e não encontra
A parte FINAL!

Maria Luísa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ACEITAR!

Internet/ Salvador Dalí
Eu não quero ser olhada
Eu não quero mendigar
Eu não quero aceitar!

Vejam-me como sou
Sintam meus cambiantes de cor
Como música a soluçar.

Se um dia me encontrar
Quando o silêncio falar
Não preciso dizer nada.

Eu não pertenço à terra
Continuo na terra,
Mas há muito deixei a terra.

Lembranças, pensamentos, dúvidas,
Posso deixá-los em palavras escritas
Um dia, os podem levar.

E serem entendidos
Melhor do que hoje
Melhor do que ontem.

Vem meu amor
Só a ti eu tenho
Só de ti eu espero...

Não vais entender este amor
É impossível de entender
Cada palavra a rogar.

E o imaginar cresce, toma forma,
Na procura do que criou
Numa pequena demora.

As linhas ocultas
Devem ser lidas
Por poetas Divinos e Exactos!

Só eles sabem
Só eles aceitam
Só eles cantam!

Chegou o tempo de louvar
Chegou o tempo de procurar
Chegou o tempo de parar!


Maria Luísa Adães

sábado, 20 de novembro de 2010

Fantasma ao Vento

Internet/ Salvador Dalí
Deixei de sorrir
Deixei de amar
Deixei de esperar.

Meu coração está deserto
Destroçado,
Sobre a loucura do Universo.

Aparecem meus fantasmas
Quase se não vêm,
Minhas ilusões desfeitas.

Me saudam,
Sabem quem sou
Pouco me amparam.

E hoje, ainda hoje,
Neste instante mesmo,
Sou um poeta que cantou.

Não,
Sou um poeta que canta
E ninguém escuta.

Será que morri
Será que não sou eu
Solitária e louca?

O mundo não me vê
O mundo não me escuta
O mundo não me sente!

Falta-me o talento,
Sou Fantasma ao Vento!...

Maria Luísa

sábado, 13 de novembro de 2010

ARABESCO

Internet/ Salvador Dalí
O arabesco misterioso
Do poema
E da alma do poeta,
Do sonho e da dor.

E a minha placidez misteriosa,
Nebulosa, de quem não sabe
De quem não encontra
De quem não conhece Nada!

E o arabesco de folhas entrelaçadas,
De figuras desconexas, geométricas,
Desta metralha de céu e terra.

E não encontro a luz do teu dizer...
Procuro e não encontro,
Mas encontro o Nada!

Se pouco aprendi,
Como te vou encontrar
Tarde ou cedo,
Quando a morte me chamar?

E quando não souber de ti
Como te vou procurar?

Meu amor,
Quantos anseios, quanta procura
Quanta verdade, quanta amargura...

Como te vou encontrar?
Se nada sou
E Nada tenho!

Tenho...me lembro,
A sombra vaga, ó alheia
Dos poetas que cantaram

E ainda, como lembrança viva 
E Eterna,

...As loucuras da nossa Mocidade!


Maria Luísa

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Façam o Jogo

Internet/ Salvador Dalí
Frente à passagem do tempo,
Eu não estou serena
E temo esse tempo.

Sei que o canto é tudo
As lágrimas são nada,
Eu sou tua sombra, transformada.

Sonho, tantas vezes sonho
E antecipo minhas visões
Nesses sonhos.

A palavra é sempre,
Um elemento de jogo ancestral
Clara, louca, perfeita.

Com a palavra o poeta
Joga, brinca, chora, ama,
Se deslumbra, ou se mata.


A vida tornou-se num jogo
Indecifrável,
Os meninos carregam às costas
Todo o mal do mundo.

No último amor perdido,
Os homens tocam a terra
Como Deusa de desenganos.

Apenas no pano verde
E nas luzes cintilantes
Há um vislumbre, de pretensa alegria...

E o homem sonâmbulo
Diz de quando em quando,

Façam o jogo, meus Senhores!

Maria Luísa

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NATURA


Internet / Salvador Dalí
A minha alma desdobrada
Sente o rugir da madrugada.

A Natureza clama e pede clemência
Às águas que correm como um lamento.

As folhas das árvores, as flores trepadeiras,
As raízes imersas transformadas - caem.

Não temo os gritos de Deuses sem vida,
Os transformo no interior de palavras escritas.

Entrecruzo os passos,
Na cadência rítmica do teu coração.

Os passos não retrocedem,
O caminho é em frente e é urgente!...

As nuvens trazem o odor do mar,
Dos muitos mares da minha vida.

Devolvo os ecos do Universo, para as horas vivas
E não para o silêncio das muralhas.

E no meio de quem fala comigo
Espero que te unas, ainda que seja tarde.

E quebres esta luta, em ondas transparentes
E me ames, na cadência de quem sente.

Eu, tu e a natura inclemente,
Noite estranha de amantes ausentes...

Eternamente sejas meu
Como a noite é minha!


Maria Luísa

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MUDEI...


Internet / Salvador Dalí
Afastei-me de tudo quanto amei
Repeti o adeus ao meu amor
Mudei meus pensamentos e sentires
Habituei-me à multidão sem nada
E à grande solidão desenterrada.

E a penumbra apagou meus olhos
Não vislumbro nada,
Não tenho lembrança na memória
O caminho está gravado sem glória.

Os poetas como eu cantaram
E já ninguém os escuta,
São sombras vagas de loucura
Audaz e pura.


Quantas coisas esqueceram
E deviam lembrar.

Quantas coisas lembraram
E deviam esquecer.

Pior do que tudo
É não ter lembrança alguma
Na memória.

O coração tornou-se deserto
E o caminho
Num vago rumor de prece.

Tudo vai caír
E fica à superfície
O canto nativo do Amor.

Eu e minha forma de viver
Com minha maneira de esquecer,
Não esquecendo
O  desejo de esquecer.

Perdi não duvides,
Mudei de lugar tantas vezes
Olvidei meu lugar de pensamento.

Olho à volta
Não reconheço nada,
Mas não quero pronunciar teu nome

Te posso perder!...

Maria Luísa

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

GENTE


Internet / Salvador Dalí
Há tanta gente a morrer,
Há tanta gente sem viver,
Há tanta gente que não sente,
Há tanta gente sem amar.

No meu silêncio a escutar!...

Há tanta gente dispersa
Fazendo trabalhos duros,
Escutando promessas.

Que são noites de agonia!...

Há tantos vultos brancos,
Há tantos vultos negros,
Pés descalços,
Mãos levantadas em Oração.

Inalcançáveis mudanças!...

Meus olhos ficam nas dunas
Se fecham cansados de olhar
As ilusões dispersas.

Meu coração se parte,
Cai de mãos descuidadas
Distanciadas,
Como um Poeta a chorar.

Num tempo perdido, sem amar!...

Uma dor
Uma visão
Sem uma carícia.

Noites ermas
Perdidas
Sem mãos
No vento.

Sem a voz do amor, que diz meu nome!...

Maria Luísa

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mil Rostos

Há mil rostos olhando para mim
E eu neste instante
Não reconheço nenhum.

Há mil sentimentos à minha volta
E eu no momento, não tenho nenhum.

Há mil infelicidades pedindo guarida
E eu neste tempo, não ouço nada.

Há mil pessoas perdidas, esquecidas
E eu não digo nada.

E sinto e penso,
Que estou voltada
Para as coisas da Vida.

Quero andar contigo, lentamente,
Dizer-te aqueles segredos
Que nunca digo.

Quero amar-te eternamente,
Na memória, na essência
Dos meus versos.

Caminhar contigo pelo deserto,
Caminhar contigo
Nas Grandes Cidades.

E acreditar que não há,
Mil rostos olhando para mim
E mil infelicidades.

Só quero amar
Numa insónia feliz,

No deserto do amor,
Sem mais nada!


Maria luísa

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

DIREITOS ESQUECIDOS

Discutiu-se o teu futuro
Nas grandes Assembleias
E todos deram o seu apoio
À tua felicidade,
Mas os teus Direitos
Foram esquecidos,
Dos que têm de pensar
Em coisas mais sérias.

E tu interrogas a Noite
E a solidão
Dessa mesma noite
E a incerteza
Do próximo Dia.
                                               
A Estrada continua
À tua frente,
Apenas ela
É a tua realidade.

Nada te pode dar
O que os homens
Te levaram!

Comes a poeira
E a miséria...
Quem te espera?
Apenas o sofrimento
E a Guerra
E tu sabes...
Aprendeste essa lição.

Meu Amigo,
Onde estão as flores
Numa terra metralhada?
E os teus filhos...
...Os muito abandonados
E não foram sepultados,
Nem rezados,
Apenas queimados
Dilacerados.

Foi este o teu Mundo?

Possam as gerações vindouras
Estudar o teu caso
Noutras Assembleias
E descubram
As razões reais
Do teu abandono.

E encontrem os culpados
Para serem julgados.

A História vai analisar
Em breves palavras.

Mas tens Direitos
Que desconheces!...

Isso eu tenho a certeza!

Leva a rosa escondida no meu peito...


Maria Luísa


             
                    Liu Xiaobo/ Prémio Nobel da Paz / Setº. 010



terça-feira, 28 de setembro de 2010

Nudez

A tua nudez
Arrepia meus sentidos
Se traduz repetida
Por momentos esquecidos.

Te olho
Te aprecio
Te quero
Como beleza que és!

E não há pecado,
Apenas a ternura
Do encontro, do meu corpo
Junto do teu corpo!


Apenas isso eu quero!
Desejo e movimento
De um segredo
De meu tormento.

Não me lamento
Ninguém gosta de lamentos,
Estamos em margens opostas
No momento!

Una te contemplo,
Não fixes meus limites
De fluidez humana.

Quem pode mudar
Esta diferença,
De tudo, quanto é Meu?

Maria Luísa

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Palavras

Para reconhecer,
Amar,
Meditar,
Sentir,
Lembrar.

Tornar minhas mãos mais leves
Meus sentidos mais sensíveis,
Ainda mais...

E não deixar comandar,
Meus versos.

Apenas meu senso e minha mente  
Podem predominar
E ensinar Palavras,
De pessoas conversando
Sem estar falando,
De pessoas escrevendo
Que não vão ser lidas,
Nem cantadas,
Ou partilhadas.

Ou já é tarde
Para mim? 

Que fui gente
Ao pé de Gente
Que me ensinou
A ser gente!

Não me façam ser
O que não sou
Não me convidem a ser igual,
Porque sinceramente
Sou diferente!...

Onde me perco
Me quero perder!

E sou sombra
Silêncio e Nada!

E dou vida,
Palavras sentidas
Até morrer!

Maria Luísa

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

FOGO

Procuro aquele amor de fogo
Onde se escondeu esse fogo?
Procuro meu amor.

Ele foi levado para outro mar,
Eu fiquei no mesmo mar
Olhando a distância ao Luar.

Não posso percorrer a estrada
Feita da espuma do mar
E te encontrar no outro lugar.

Meus sonhos se rasgam
Entre a "Maré e a Bruma"
E continuo a esperar.

Vejo o mar, um barco a navegar,
Mas não vejo o outro lado do mar
O convexo da Terra, não deixa olhar.

E o fogo com água a pingar
Se pode apagar
E acabar,  com nosso acreditar.

Mas continuo a procurar, aquele fogo
E sei onde está,
Mas não lhe posso tocar.

Eu sei ver-o-mar e as sombras,
Conversando entre espumas
De símbolos e enigmas.

Me parece e sinto
Que perdi esse amor de fogo
Por culpa da anatomia
Do lugar onde me encontro.

E a Canção do Mar é tudo
No fim de meus dias!...

Maria Luísa

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Esquecida

Ninguém mais cantava,
A estranha melodia
Que minha alma entoava.

E Ela suplicava,
Pelo reconhecer da sua essência
Pelo ouvir seus gritos
De silêncio,
Sonolentos,
Perdidos,,
Desesperados,
E perguntava:-)

Tu entendes isto que digo?
Tu estás comigo,
Ou ficaste perdido
Num outro lugar,
Numa outra Vida
Que nada tem
Com a minha vida?

Onde te encontras?

Ao voltar daquela esquina
Onde guitarras cantam
Um fado triste
E de pesar?

Juntei-me aos fantasmas
Da noite,
Da solidão dessa noite
Juntei-me a eles,
À sua melancolia
E a saudade permanecia
Em mim,
Como melodia
Que ninguém tocava
E ninguém ouvia
Ou pressentia.

Mas eu ouvia,
Os sons dolentes
Da guitarra que tocava
Estranha melodia.

Mas só eu ouvia
E te procurava
Sem saber onde estavas.

Sem te ver,
Sem te sentir
E te desejava
Como sempre,
Ou como nunca
O tinha feito.

E amava-te
No silêncio da noite
E escutava
A voz que vinha
De dentro
E pensava ser a tua voz.

Eu era o poeta
Perdido,
Sem casa,
Sem terra,
Sem caminho,
Sem vida.

Esquecida,
Por quem
Amava.

Chovia
E eu esperava!...

Maria Luísa

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Nossa Vida

A nossa vida é isso que tu dizes 
Como num filme passa por nós,
Pequenas cenas passadas
Grandes cenas vividas. 

Tudo deixa de ser real
E até o presente do instante
Esquecemos, 
Mas o flash é momentâneo, 
Muito breve, por vezes. 

Fica presa na memória
E a memória traz nostalgia
Simboliza nossa pessoa,
Nossa vivência.

Com ela vivemos
De pequenas emoções
Alguns sofrimentos
E outros esquecimentos
Que não queremos lembrar.

A memória é eterna,
Transcende o espaço
Em que vivemos
E nos ensina a esquecer,
Alguns tormentos.

Sem ela deixamos de ser Gente!

Deixa-me pensar
Que tudo quanto digo
É verdade,

Deixa-me ser como sou,
Não me queiras mudar
E deixa, continuar a viver
Como gosto.

Amar-te como me apetece
E tu me conheces
E deixar-te a olhar
Aniquilado, assombrado,
Para a minha sombra
Quando me afasto.

E por ser assim...
Não fujas de mim!

Eu quero sempre mais
Do que um milagre!

Maria Luísa

domingo, 29 de agosto de 2010

Flor do Mar

Obrigada pela flor
Que veio do fundo do mar
Com amor.

Que bom tu voltares
Aqui e ali
Neste, ou noutro lugar.

Eu estou presente
Como ser ausente
De mim e de ti.

Eu volto sempre,
Desconheço meu lugar
Sou a última a lembrar
    
Nada soube encontrar
Nada soube preservar
Nada soube amar.

Quem me perder
Por não me amar,
Não vai voltar!

Pode chamar o vento
Gritar ao mar,
Onde estás?

O vento continua a rodopiar
O mar continua a cantar,
Não me vai encontrar.

Um barco ao longe no mar
Um lenço vermelho a acenar
E uma figura ausente.

Me transformei por magia
Num fantasma solitário
Da passada Alegria.

Não vou voltar
Fico no mar,
No barco e no Luar.

Serena e desnuda
Sigo meu destino
Escrito, em qualquer Lugar!


Maria Luísa

sábado, 21 de agosto de 2010

Venho de Longe

De longe eu venho
De países distantes
Acompanho o mundo
E longe de tudo,
De olhar atento
Eu vislumbro
Um deserto de dor.

O mundo subterrâneo
Se espreguiçou
E matou...

O mundo abalou
Não falou...

A loucura no cimo
Se acendeu,
Em mil fogueiras
Se transformou.

A Natureza é bela
A beleza é cruel!

Aprenas o pranto
E a bruma,
Enluta os ares.

Não há lugares,
Apenas há quimeras
Vidas ceifadas
Almas perdidas
E destroços de miséria.

E meus braços se abrem
Minhas pálpebras
Se cobrem de cinzas...

Aqui está minha voz!


Maria Luísa

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

NASCER e VIVER

Nascemos em Continentes diferentes,
Eu nasci mais cedo
Tu nasceste mais tarde.

Nunca nos vamos encontrar
Cedo ou tarde,
Nosso caminho é diferente.

Sorrio sem medos,
Nos amamos
Neste versejar.

Levo-te junto ao meu coração,
Quando um dia não voltar
E tu ficares.

Eu vou sentir o partir                                                                                 
Tu não vais Entender,
Mas vais caminhar.
                                                                                                                            

Nem é necessário entender
Apenas esquecer,
Um dia vais lembrar...

Há uma força
Que nos vai prender,
Como se eu fosse mortal novamente!

Maria Luísa

À minha neta Gabriela,
nascida em São Paulo -Brasil
a 18 de Dezembro de 2007.
Com amor.

M. L.