terça-feira, 30 de março de 2010

Não Sei!...


Não sei o que sou
Não sei quem sou
Não sei onde estou
...E para onde vou
Não sei! Confesso!

Queres-me mesmo assim
Amamo-nos como sempre
Não repudias este não saber
De nada...Nem de Ti?
E o amanhã?

Sorri...
Para que o mundo seja mais gentil
Por ti e por mim.

Aceitas esta forma subtil e árdua
de Amar,
Própria de mim
Tão a meu jeito?

Aceitas?

Então...És meu!

Meu Amigo, meu Marido, meu Amante!

Não te quero longe...
Nunca!

Maria Luísa O. M. Adães

segunda-feira, 22 de março de 2010

NEM SEMPRE


Nem sempre se fala de amor,
Nem sempre se fala de nostalgia,
Nem sempre se fala o que se pensa,
Nem sempre se fala o que se sente,
Nem sempre se vive de euforia!

Nem sempre!

Apenas tu existes
No meu dizer de poeta,
Apenas tu me chamas de poeta,
Apenas tu...e ninguém mais!

Nem sempre existo!

E vivo no encontro e desencontro
Do que sou,
Vivo da minha ilusão,
Vivo da minha insensatez
E da minha lealdade

Que ninguém sabe
Que ninguém vê
Que ninguém sente
Ou pressente,
Neste meu dizer...

Nem sempre!

Tentem lembrar este meu canto,
Tentem apreciar
E não esquecer
O que não vê
O que não sente.

Nem sempre, assim é!

A solidão e a luz da noite,
Cobrem com seu manto
Os céus e as estrelas
De quebranto...

Nem sempre!

Apenas eu fico,
Apenas eu espero,
Apenas eu suplico,
talvez por ser poeta
Esquecido!

Nem sempre, eu sou!

Mas fico sempre esperando
Até àquele dia,
Perto ou distante,
Onde te possa encontrar
Beijar e amar
Sem parar,
Como se o meu mundo
Fosse morrer,
Naquele instante.

Nem sempre sinto,
Nem sempre!

E eu morro,
No desejo
Do meu Canto.

Nem sempre, eu morro!

Tudo o resto
É poeira
E ar.

Mas nem sempre
Eu reparo,
Naquele instante.

Tento olvidar,
O meu dizer
De poeta
Por algum tempo,

O Teu tempo...
E esquecer!

Maria Luísa O. M. Adães

segunda-feira, 15 de março de 2010

FONTE




Ela amava a solidão
Depois de esgotar o amor
E a Fonte desse amor.

Recolhia-se ao lugar escolhido,
Na colina silenciosa
E a água
Corria temerosa.

Orava nessa solidão,
Num silêncio que se renova
E retorna consumado, nessa prova.

E brotavam dessas águas,
Dessa Fonte que falava
O amor esperado e encontrado.

Longe da multidão,
O som alegre titubeante
De quem não estava.

E a calma silenciosa,
Da solidão vivida a dois
Como se fossem um só.

Os envolvia nessa tarde sinuosa,
Onde se cantava ao longe
E ali se amava no final do dia.

E a sombra descia,
E os encantava
Em novos jogos de amor.

E a água da Fonte escondia,
Os outros sons que se ouvia
E o grito rouco que gemia.

E jogavam como sombras,
Num mundo de magia
Num términus de nostalgia.

-Que belo final do dia,
Tu me deste meu amor
E eu te dei tudo, como sabia...

E tu gostas deste amor,
Desta fonte de água fria
A gotejar bolhas fugidias.

A aparecer,
A acabar,
A cintilar,
A esmorecer

No Final
De um Novo Dia!

Maria Luísa O. M. Adães


sábado, 13 de março de 2010

NÃO FUJAS


Não fujas de ti
Não fujas de mim.

Sou melodia
Como cascata,
Desbravando o rio.

Não fujas de ti
Não fujas de mim.

Formas um lago
Cisnes dançam,
Ao som de teu flautim.

E no teu tocar de magia,
Transformas o horizonte
Da loucura da Poesia.

Maria Luísa O. M. Adães

terça-feira, 9 de março de 2010

MULHERES


Depois de muitos anos
De submissão e de medo,
A mulher se levanta
De forma bem lenta...

Olha em frente,
Procura seu desejo
De ser Gente.

Quem ouve
Quem pede por ela
Quem escuta seu canto
De labirintos se movendo?

Mulher, procuras renascer
Do sofrimento
Do tormento de teu viver.
Abandonada,
Vendida,
Escondida nas estradas,
Espoliada,
Banida,

Mãe de um mundo absurdo!

Para ti
Há noite? Vozes? Portas a abrir?

Que dizes
Mulher esquecida?

O Tempo é teu
Este é teu momento,
Eu falo de ti
Me conta que sentes?

Te enalteço
Mulher,
Mãe do mundo.

Nada mais é preciso
A tão terna Grandeza.

Tu és o Universo!

Maria Luísa O. M. Adães

domingo, 7 de março de 2010

HARMONIA


Falemos de Harmonia!
Pergunto a mim própria
Como aplicá-la
À minha forma de viver
A tudo quanto me rodeia.

E não sei, como o fazer.

Não encontro a árvore
Da Harmonia
Nos jardins,
Nos campos à minha volta
E não vejo a semente viva,
Dessa árvore.

Procuro dentro de mim,
No meu sentir,
Em tudo quanto sou,
Mas estou perdida
No caminho.

Não soube ler,

O Teu mapa
A Tua escrita
A Tua palavra.

Caíu a noite...

Os sentimentos fugiram
Amedrontados,
As estrelas esconderam-se,
As nuvens levaram a beleza

E fiquei sem encontrar,
A árvore
Que tanta falta faz,

Ao Amor de cada dia.


do livro "Não Sei de Ti"
de Maria Luísa Maldonado Adães