domingo, 26 de junho de 2011

Blessed ( IV )

Blessed / Salvador Dalí
O gato-branco
A gata-preta,

De olhos esverdeados
A vaguear,
Percorrem o palco
Qual arco-íris da chuva
Do sol da meia-noite.

As noites de amor
Trementes de fogo ardente
Os chamam e novos jogos
Clamam...

Descobrem os símbolos 
Musicalmente os descobrem.

Uma bruxa feia, maldosa
De chapéu alto
Entra no palco.

Blessed a acompanha
E ventos uivantes
De Terras distantes
E luzes sem luz,
Atropelam o instante.

O fantasma da morte
Espreita,
Procura ruídos
Escondidos.

Os gatos olham
Nada os amedronta
Nem bruxas,
Nem magos,
Nem medos.

O amor acalenta
E chama,
A lua sorri
Os astros se multiplicam,
As estrelas espreitam,
O Universo respira
E Deus se avista.

E tudo pára,
Traços sulcam o ar
Não há caminhos,
Fáceis de encontrar.

Contemplo,
Como narrador que sou
E agora eu sou
Quem pergunta...

Que se passa?...

Altos contrastes se levantam!

Maria Luísa Adães

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Amor ( III )

Arco-íris/ Internet
Narrador :

A cortina desce
Voluptuosa, misteriosa,
O Universo escuta silencioso
Admirado,
Do tempo passado.

Os personagens saem
Cansados
Do canto, da dança, do amor.

A Lua olha com intensidade
No brilho de mil tons das estrelas

 Palpitante na natureza cósmica                                            
Que flutua por entre elas.

O Preto e o Branco
De meus gatos
Nos mostra sua beleza,
Cansada dos jogos jogados.

Como arco-íris dançando
À sua volta.

Outros vão chegando
E se mostrando
Tentando entender
Que se passa?...

E o amor perfuma o ar
Lança tapetes floridos
Flores amarelas
De um tom esquisito.

Sem testemunhas
Os Deuses adormeceram
O Universo se cobriu
De nuvens negras e vermelhas.

No palco os personagens olham
Pedem a ilusão maior
E seus jardins aéreos
Reluzentes e felizes.

De um lado o amor
E do outro o esquecimento...

Maria luísa

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fogo Ardente ( II )

Narrador conta :

Meus olhos fixam o palco
Os personagens olham
Meu amor me beija,
Eu estremeço
Tudo estremece
Todos se desejam.

Os Deuses assombrados
Com o amor dos gatos
O desejo dos humanos
O arrepio da noite
Interrogam os astros.

Que se passa?

E no palco,
Os personagens
Formam arabescos
Com seus corpos,
Dançam uma dança
De amor e de desejo.

Que se passa?
Pergunta a lua a quem passa.

Os personagens não falam,
Apenas se ouvem movimentos
Como se a terra se deslocasse
E se juntasse ao êxtase
Do momento abstrato.

Vamos mandar o arco-íris
A iluminar o espaço
Precisamos de olhar
Reconhecer e ver
Como se sabe amar.

E os quatro personagens,
O gato-branco
A gata-preta
Eu e meu amor,
No vasto chão amamos.

Tudo esquecemos
No momento profano
No instante de Fogo Ardente
E a fuga súbita,
Da Estrela Cadente.

Maria Luísa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quatro Personagens ( I )

A peça em sete atos
No palco quatro personagens.

Um gato-branco
Uma gata-preta
Narrador e meu amor,
Criaturas humanas.

Sete notas musicais
Se diluem no espaço...

Que conteúdo estranho
A ser representado.

Narrador :

Olho os vários mundos
Os ventos sopram frios,
Reconheço o Infinito
As estrelas brilhando
Uma lua sorrindo
O luar descendo,
Iluminando.

Os personagens se movem
Tomam seu lugares.

Os Deuses se admiram
Abrem seus olhos
E escutam o canto
E todo o Universo
Se queda em silêncio.

E cada personagem
Elevada na noite imóvel
Ama,
Nos símbolos e enigmas.

Maria Luísa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deixei a Ilha

Internet/ Salvador Dalí
Um dia, deixei a Ilha
Tive de a deixar
Calcorrear o mar
E encontrar meu amor desfeito
Pela saudade de meu peito.

Ele me esperava saudoso
Me abraçava e beijava
E eu de olhos fixos
Em sonhos ou acordada
Via a Ilha, rochas rolando,
Fora das águas.

Eu tinha sido poeta
No silêncio dos Deuses
E gravado meus versos
Nas pedras que encontrava.

Com ela eu vivia há anos
Que se transformavam em séculos
E inebriavam meus sentidos
Com seus amores, deuses e flores.

Tudo me fazia esquecer
O mundo abandonado,
No meu máximo dom
De te amar e ser amada.

Quanto te quis
Quanto te quero
No calor tropical
Sem fraquezas humanas,
Na solidez da terra
E no caminho brilhante do mar.

Converto-me em ti,
No jardim abandonado
Por mim...

Deixa ouvir o cântico dos búzios
E nua, suave, perfeita,
Te deixo entrar
Na minha própria casa...

Fica...eternamente meu!

Maria luísa Adães